wang dang doodle
turbilhão
lapsos momentâneos de razão
vem e vão
e deixam para trás,
terras arrasadas.
isso não estava aqui ontem
ontem era um dia pobre, metade,
mendigando ouro à mísera eternidade
hoje é um dia rico
um mundo cheio de luz e lágrima
força flor milagre e risco
o dia de hoje se olha no espelho
e só parece ontem
a mesma brisa a bruma idêntica
e essa neblina intensa
que nos obriga a fechar os olhos
e ler nas entrelinhas
os abismos de nós mesmos
hoje, sim, é maravilha,
hoje, finalmente, eu não sei
Preciso dizer-lhe tanto,
mas o farei de outra forma
breve e curta
Pois mais perspicazes,
serão minhas palavras mudas
Sabe que não me encanto facilmente
nós, sob os céu dessas estrelas,
sabemos melhor que ninguém..
Darei-lhe, então, um abraço
longo, apertado
que de sentimento
poderia explodir todo o
firmamento,
e transformá-lo em minúsculo
fragmento de luz
É que urge de mim uma necessidade
de mostrar-lhe o que penso,
tão vorazmente
que lhe causaria dor
É que irrompo a madrugada,
e mostro-lhe a aurora:
para que você saiba de tudo agora,
para que eu mesma, não diga nada.
Como o silêncio revelador
e a cumplicidade destes olhos gentis
as palavras que magoam
são as mesmas que tocam,
mas não as que elucidam
nossos casos vis.
Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.
Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.
"O primeiro personagem que um escritor cria é ele mesmo. Só os imbecis procuram um eu atrás do texto literário. Em literatura, a própria "sinceridade" é apenas, uma jogada de estilo. Um escritor medíocre não consegue ser "sincero"."
( Leminski )
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
(Leminski )
Não diga nada
Neste momento quero só seus olhos,
sua boca
e nada mais.
Não se mova
Vamos viver intensamente
esses segundos de cumplicidade imensa,
sem pensar.
O silêncio só nosso,
o tempo só nosso,
enquando o mundo explode lá fora
devagar.
São tardes vazias
de dias que passam,
só por passar
É a brisa que flui,
os carros que batem,
só por bater
Fugir para onde?
Esconder-me de quê?
São abraços sem fim,
chorosos, apertados
só por sentir
Sou abrigo sem luz
infestado de mofo,
só para mofar
Quem quer sair?
Quem vai entrar,no seu lugar?
A goteira insistente
que só faz pingar,
é um pedaço de mim
que não deixa acabar
a monotonia
de tardes vazias,
de dias que passam
só por passar.